Se me perguntares se ainda penso em ti, a minha boca não me vai denunciar mas, infelizmente, os meus olhos vão. Há uns meses perguntei a alguém se ele era feliz e ele disse-me que ia sendo, porque não existia a felicidade, existiam momentos felizes. Eu contestei, não concordei. Achava que ou éramos ou não éramos felizes. Hoje não posso estar mais de acordo com ele. Ainda penso em ti, ainda tenho saudades. Ainda me lembro, ainda te lembro. Ainda me dói. Acima de tudo, ainda me dói. Tanto que eu tenho a sensação que nunca vai parar de doer. Não sei o que me dói mais, se é o facto de já não te ter, ou o facto de já te ter tido. Mas sei que dói quando penso no quanto achava que éramos felizes e quando constato que, afinal, não podia estar mais errada. E dói não perceber como me pude enganar tanto. Tudo dói. Há uns dias disse a uma amiga que o facto de ainda não estar curada de ti não queria dizer que estivesse infeliz e, por mais estranho que possa parecer, é verdade. Aprendi a estar bem sem ti, incrivelmente. Não estou feliz, porque a felicidade não existe, mas tenho momentos felizes. Mesmo sem ti, tenho momentos felizes.